ANÁLISE DO CENÁRIO DO MERCADO DE TRABALHO E OS DESAFIOS ENFRENTADOS COM BASE NO IBGE
Analisando informações obtidas e avaliadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, observa-se que, nos anos recentes, o setor de trabalho no Brasil tem demonstrado sinais de melhora, mas continua enfrentando dificuldades estruturais, como a informalidade e as disparidades salariais. Conforme dados do IBGE, no segundo trimestre de 2025, o país apresentou uma taxa de desemprego de 5,8%, a menor desde 2015 (Gráfico 1). No entanto, o panorama não é inteiramente positivo: uma parte significativa das novas oportunidades geradas ainda se encontra em empregos informais e com baixos salários.
Atualmente, o Brasil possui cerca de 203 milhões de habitantes, dos quais cerca de 170 milhões estão em idade ativa (14 anos ou mais). Dessa quantidade, 109,5 milhões fazem parte da força de trabalho, ou seja, estão empregados ou em busca de emprego. Conforme informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua/IBGE), a quantidade de pessoas empregadas atingiu 101 milhões, ao passo que 8,5 milhões continuam sem trabalho.

Gráfico 1: Taxa de desemprego no Brasil (2015-2025)
Fonte: Elaboração própria com base em dados do IBGE (2025).
A taxa de desemprego é determinada pela relação entre a quantidade de pessoas desocupadas e a força de trabalho. Dessa forma, a taxa de 5,8% indica uma melhoria em comparação com os picos de 14% observados durante a pandemia. No entanto, especialistas alertam para um fenômeno que distorce parcialmente essa interpretação: uma parte da redução é resultado da saída de trabalhadores do mercado, seja por desânimo, seja pela dificuldade em encontrar emprego formal.
A elevada taxa de informalidade, que afeta aproximadamente 39 milhões de brasileiros (representando 39,1% da população ocupada, de acordo com o IBGE), é outro aspecto importante. A qualidade média do emprego diminui e a vulnerabilidade social aumenta, pois esses trabalhadores não têm carteira assinada, previdência social nem acesso pleno a direitos trabalhistas.

Gráfico 2: Taxa da informalidade no Brasil (2015-2025)
Fonte: Elaboração própria com base em dados do IBGE (2025).
O percentual de informalidade caiu desde o 2º trimestre deste ano, passou de 38,6% para 37,8% (Gráfico 2). As taxas se aproximam do maior resultado da série histórica, registrado no 2º trimestre de 2022, quando 40 milhões de pessoas trabalhavam informalmente (39,3% da população ocupada). A queda do desemprego pode ser associada com a queda da informalidade, onde tendo mais pessoas ocupadas (formais), eu tenho menos pessoas em situação informal, situação essa que especialistas denominam: pleno emprego.
Esses dados contrastam principalmente com uma suposta aversão ao trabalho formal registrado, narrativa que tem viralizado nos últimos anos entre o público jovem.
Devido ao aumento no número de trabalhadores e na média de seus rendimentos, a soma dos rendimentos médios reais atingiu um novo recorde, chegando a R$ 352,3 bilhões. Esse valor cresceu tanto em relação ao trimestre anterior, com um aumento de 2,5% (mais R$ 8,6 bilhões), quanto em comparação ao mesmo período do ano passado, com um crescimento de 6,4% (mais R$ 21,3 bilhões) (Pnad Continua).
O rendimento médio real habitual dos trabalhadores também aumentou, chegando a R$ 3.484. Nesse caso, houve uma alta de 1,3% em relação ao trimestre anterior e de 3,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. O crescimento no último trimestre foi puxado principalmente pelo setor de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais, que teve um aumento de 1,8%, ou seja, mais R$ 86. Os rendimentos dos demais grupos não apresentaram mudanças significativas nesse período (Pnad Continua). Por fim, os rendimentos dos trabalhadores domésticos tiveram um aumento de 5%, ou seja, mais R$ 63 (Pnad Contínua).
A recuperação do emprego e o aumento da renda média são indicadores positivos, porém ainda não são suficientes para assegurar um caminho sustentável de inclusão e produtividade. A principal dificuldade do país é criar empregos de qualidade, com mais formalização, aprimoramento profissional e aumento salarial.
Segundo o economista Rogério Barbosa (IPEA), “a taxa de desemprego em queda não basta: é preciso olhar para o tipo de ocupação que cresce. O foco deve estar na qualidade do trabalho, não somente na quantidade.”
Para criar políticas públicas eficazes que reduzam as desigualdades e promovam o desenvolvimento econômico sustentável do país, é fundamental analisar cuidadosamente os indicadores — taxa de desemprego, nível de ocupação, rendimento médio e informalidade.
Referências
IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Taxa de desocupação atinge 5,8 % no trimestre encerrado em junho, menor nível da série histórica. Agência de Notícias IBGE, 31 jul. 2025. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/44072-taxa-de-desocupacao-atinge-5-8-no-trimestre-encerrado-em-junho-menor-nivel-da-serie-historica. Acesso em: 22 out. 2025.
AGÊNCIA GOV. (16 de setembro de 2025). Renda média do trabalho atinge R$ 3,4 mil e massa salarial chega a R$ 352,3 bi. Agência Gov. Disponível em: https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202509/renda-media-do-trabalho-atinge-r-3-4-mil-e-massa-salarial-chega-a-r-352-1-bi. Acesso em: 22 out. 2025.
BARBOSA, Rogério.
Entrevista concedida ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). In: Carta de Conjuntura, n. 64, 2025. Brasília: IPEA, 2025. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura. Acesso em: 17 out. 2025.
Texto elaborado por:
Evellin Rhanna Zavala Cristaldo
Jayanne Fagundes Cristaldo
Milena Cristiny de Castilho Floro
Natanael Ribeiro Teixeira
Paola Ferreira de Lima
Pedro Afonso Malo Zanetoni
Acadêmicos do curso de Ciências Econômicas – ESAN/UFMS.
Orientação: Prof. Dr. Odirlei Fernando Dal Moro, do curso de Ciências Econômicas – ESAN/UFMS.

