ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO – IPCA DE JUNHO DE 2024
O Observatório de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (OBCON) acompanha o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) informado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e procura informar a sociedade seus valores.
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, e se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília. Seu cálculo é feito a partir da média ponderada dos preços de nove grupos de produtos e serviços, que são: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transporte, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação. Cada grupo tem um peso específico na composição do índice, refletindo a importância relativa dos gastos das famílias brasileiras. Os preços são atualizados mensalmente para examinar as mudanças no custo de vida da população.
Por meio do IPCA, é possível analisar como está a economia do país. Sendo o principal índice medidor da inflação, ele serve de referência para o monitoramento da inflação por parte do Governo Federal, bem como de informação para definir metas anuais de políticas econômicas.
De acordo com a publicação do IPCA realizada pelo IBGE no dia 10 de julho deste ano – 2024 –, a inflação do país foi de 0,21% em junho, desacelerando em relação ao mês de maio, quando foi de 0,46%. No ano, a alta de preços acumulada é de 2,48% e, nos últimos 12 meses, de 4,23%.
O grupo de produtos e serviços que teve o principal impacto foi Alimentação e bebidas, que apresentou alta de 0,44%, menor que em maio, de 0,62%, e contribuiu com 0,10 ponto percentual (p.p.) para o índice de junho.
Na Alimentação no domicílio, os preços tiveram alta de 0,47%, desacelerando em relação à alta de maio, que tinha sido de 0,66%. Entre as quedas que contribuíram para esse resultado, destacam-se a cenoura (-9,47%), a cebola (-7,49%) e as frutas (-2,62%). “Entre as frutas, chama a atenção o mamão, que por conta de uma oferta maior e a concorrência com outras frutas da época, teve uma queda no preço. Também a banana prata é destaque, com maior oferta, e ainda, uma perda de qualidade por conta da intensa variação de temperatura em algumas regiões produtoras”, explica André Almeida, gerente da pesquisa. A queda na cebola complementa o pesquisador, “também se deve à maior oferta, principalmente por conta de melhores produções no Nordeste, onde houve redução de volume de chuvas e temperaturas amenas”.
Entre as altas, destaque para a batata inglesa, com 14,49%, o leite longa vida com 7,43%, e arroz, com 2,25%. “No caso do leite, o clima adverso na Região Sul e a entressafra contribui para uma menor oferta, por conta da queda na produção. Já a batata também teve oferta mais restrita, mas relacionada ao final da safra das águas e início da safra das secas, que ainda não chegou a um patamar elevado”, avalia Almeida. O café moído, com alta de 3,03%, também se destacou em junho. Em valorização no mercado internacional e com redução na oferta mundial do grão, o subitem tem alta acumulada de 12,15% em 2024.
No caso da Alimentação fora do domicílio, a variação foi de 0,37%, menos intensa do que em maio, que havia sido de 0,50%. Os subitens lanche e refeição também desaceleraram na comparação mensal, com o primeiro passando de 0,78% para 0,39%, e o segundo de 0,36% para 0,34%.
Grupo com maior variação, Saúde e cuidados pessoais teve alta de 0,54%, influenciado pelos perfumes, que subiram 1,69%, e também pela alta dos planos de saúde, de 0,37%. “Neste caso, decorre do reajuste de até 6,91% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 4 de junho, com vigência a partir de maio de 2024 e cujo ciclo se encerra em abril de 2025. Assim, no IPCA de junho, foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio e junho”, explica o gerente da pesquisa.
Outra alta relevante no IPCA de junho foi no grupo Habitação, cujos preços subiram 0,25%. A alta da taxa de água e esgoto, de 1,13%, acontece após reajustes tarifários em Brasília, a partir de 1º de junho; em São Paulo, a partir de 10 de maio; e em Curitiba, a partir de 17 de maio. Já no subitem gás encanado, que caiu 0,49%, o resultado do Rio de Janeiro (-1,61%) vem por conta da redução média de 1,75%, a partir de 1º de junho. A energia elétrica residencial, com alta de 0,30%, foi impactada pelo reajuste tarifário de 6,76% aplicado em Belo Horizonte, a partir de 28 de maio.
Os únicos grupos que apresentaram queda foram Comunicação, de 0,08%, e Transportes, com recuo de 0,19% nos preços após subir 0,44% em maio. No caso deste último, impactado pela redução na passagem aérea, de 9,88% e (-0,06 p.p.) de contribuição no índice geral. Os combustíveis tiveram alta de 0,54%, com o óleo diesel (-0,64%) e o gás veicular (-0,61%) apresentando recuo e a gasolina, com 0,64% e o etanol, de 0,34%, com alta.
Em termos regionais, 13 locais tiveram variação positiva em junho, sendo a maior alta em Goiânia, com crescimento de 0,50%, influenciada pelos resultados do etanol e da gasolina. Por outro lado, entre as três áreas com taxa negativa, a menor variação foi em Porto Alegre, cujos preços recuaram 0,14%, por conta das quedas na passagem aérea (-9,62%) e no gás de botijão (-5,02%).
O Observatório de Economia está atento aos cenários econômicos que podem contribuir para oscilações de preço e sempre divulgará as informações.
REFERÊNCIAS
IBGE. IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-consumidor-amplo.html. Acesso em: 10 de julho de 2024.
AGÊNCIA IBGE NOTÍCIAS. Inflação desacelera em relação a maio e sobe 0,21% em junho. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/40628-inflacao-desacelera-em-relacao-a-maio-e-sobe-0-21-em-junho. Acesso em: 10 de julho de 2024.
Texto elaborado por: Luiz Guilherme G. R. Pereira, Gustavo Marinho, Caio Said e Vitor Bacchi – acadêmicos do curso de ciências econômicas – ESAN/UFMS.
Orientação: Prof. Dra. Luciane Carvalho, do curso de Ciência Econômicas – ESAN/UFMS.