O CUSTO DA CESTA BÁSICA EM CAMPO GRANDE (MS) EM COMPARAÇÃO A OUTRAS CAPITAIS (2023, 2024 e 2025)
O objetivo deste texto é analisar o custo da cesta básica de Campo Grande (MS), nos anos de 2023, 2024 e 2025 em comparação a outras 16 capitais brasileiras. Especificamente, buscou-se também mostrar quanto tempo é necessário dedicar ao trabalho para adquirir a referida cesta, considerando um rendimento de um salário mínimo. Ademais, breves considerações sobre o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) foram realizadas.
Inicialmente, a Cesta Básica é um conjunto de produtos essenciais, principalmente de alimentos, que visam atender as necessidades mínimas de subsistência de uma família. Para o cálculo, considera-se uma cesta de produtos em diversas cidades, com vistas a comparar a diferença de valores no “final da compra”. Antes disso, cabe aqui também entender os indicadores de inflação como IPCA e INPC.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é um o indicador oficial do Brasil que mede a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias com a renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mede a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias com a renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Enquanto no IPCA a participação dos alimentos no cálculo tende a ser menor, visto que engloba rendas de até 40 salários mínimos, no INPC é maior por considerar rendas de até 5 salários mínimos.
Nesse sentido, considerando uma cesta básica de produtos como parâmetro, verifica-se que no Brasil o custo tem aumentado em quase todas as cidades nos últimos anos. Normalmente, as cestas básicas mais caras se concentram nas regiões mais desenvolvidas e, consequentemente, com rendas mais elevadas.
Em termos de utilização do salário mínimo para a compra de uma cesta básica, o principal destaque é a cidade do São Paulo com a média aproximadamente de 58,10% do salário mínimo gasta em aquisição de uma cesta, nos períodos de janeiro de 2023 a maio de 2025, ou seja, são necessárias 126 horas e 59 minutos (126h59m) de trabalho para aquisição de uma cesta, num total de 220 horas mensais.
Por sua vez, as cestas mais baratas ficam para as cidades do Nordeste (Aracaju, Joao Pessoa, Recife e Salvador). Uma das explicações para essa diferença de custo é a composição da cesta básica definida pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que varia moderadamente entre o Norte e o Nordeste em comparação com as demais.
Além disso, fatores como a produção local de alimentos, a logística de distribuição e o menor poder aquisitivo médio da população podem influenciar preços mais baixos. A cidade de Aracaju lidera o ranking das cestas mais baratas, com aproximadamente 39,61% do salário mínimo destinada a compra de uma cesta, equivalendo a 91 horas e 41 minutos (ou cerca de 92 horas) por mês para adquirir uma cesta básica. Para Campo Grande, são necessários em média cerca de 52,97% do salário mínimo para a compra de uma cesta, o que afeta bastante o orçamento das famílias com rendas baixas, equivalendo a 114h56m necessário todos os meses.
Isso significa que, para o morador de Campo Grande, o custo da alimentação básica está entre os mais elevados do país, superando a maioria das capitais do Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e se alinhando a um patamar mais próximo das capitais do Sul e Sudeste. Com base em dados do Banco Central do Brasil (2025), verifica-se que há uma tendência sazonal a queda dos custos nos últimos dois trimestres de cada ano para Campo Grande, porém mantendo a tendência de crescimento (Gráfico 1).
Gráfico 1: Evolução do custo da Cesta Básica em Campo Grande (MS) – JAN/2023-MAI/2025

Fonte: DIEESE (2025).
A título de comparação com outras capitais, Campo Grande (MS) possui uma das cestas básicas mais caras do Brasil, entre as 17 capitais selecionadas (Tabela 1). Apenas as capitais Florianópolis, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo possuem uma cesta básica mais cara que em Campo Grande, com base em dados de 2023, 2024 e 2025 (até junho). Todas as demais capitais, conforme Tabela 1, possuem cesta básica mais barata, principalmente as capitais do Nordeste, em que a diferença ultrapassa o patamar de R$ 100,00, em alguns casos como de João Pessoa, mais de R$ 200,00 pela mesma cesta de produtos. Por outro lado, Campo Grande possui custos de vida, em termos de cesta básica, próximos de Brasília, Goiânia, Curitiba e Vitória.
Tabela 1: Média mensal do custo da Cesta Básica – capitais brasileiras (2023, 2024 e 2025)

Fonte: Elaborado pelos autores com base em dados do Banco Central do Brasil (2025).
*Nota: Os dados de Campo Grande de 2025 são até maio, enquanto que das outras capitais são até junho. Em negrito estão as cidades que possuem cestas básicas mais caras que Campo Grande.
Especificamente para Campo Grande, o custo da cesta básica cresceu 5,2% entre 2023 e 2024 e 5,9% entre 2024 e 2025. Quando comparado 2025 em relação a 2023, o crescimento foi de 11,5% acumulado, demonstrando que a variação dos preços dos alimentos está levemente acima da inflação oficial do IPCA.
REFERÊNCIAS:
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Sistema Gerenciador de Séries Temporais – SGS. Séries: Tabelas 7479 a 7494. Disponível em: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/. Acesso em: 20 julho 2025.
Texto elaborado por:
Alficene Sambú – Graduando em Ciências Econômicas (1º semestre), ESAN/UFMS.
Prof. Dr. Odirlei Fernando Dal Moro – Docente do curso de Ciências Econômicas, ESAN/UFMS.

