SALÁRIO MÍNIMO DE R$1.518,00 EM 2025

Postado por: MARIA FERNANDA SANTOS CARVALHO

O Observatório de Economia da UFMS (OBECON) acompanha o valor do salário mínimo informado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e, procura informar a sociedade qual o reflexo de alterações no valor do salário mínimo tem no bolso dos trabalhadores. Segundo o Dieese (2025) a partir deste mês, o salário mínimo (SM) oficial no Brasil está fixado em R$1.518,00, o que representa reajuste nominal de 7,50%. O reajuste aplicado corresponde à inflação de 4,84%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). 

Com isso, o salário mínimo terá variação nominal de R$106,00, alcançando o valor de R$1.518,00. Caso valesse a regra que previa o repasse integral da taxa de crescimento do PIB de 2023, que foi 3,2%, o piso nacional seria de R$1.528,00, ou seja, maior em R$10,00. Agora, em janeiro de 2025, com o valor nominal de R$1.518,00, o aumento real equivale a 2,5% (a depender da taxa de variação INPC de dezembro de 2024).

A seguir apresentamos um gráfico com as estimativas dos ganhos reais advindos dos reajustes do salário mínimo do período de 2003-2025.

GRÁFICO 1 – Aumentos reais no salário mínimo em % – 2003-2025

Fonte: DIEESE (2025)

Cerca de 59,9 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo. Com o reajuste para R$ 1.518,00, estima-se que: 

  • R$81,5 bilhões representam o incremento de renda na economia.
  • R$43,9 bilhões correspondem ao aumento na arrecadação tributária sobre o consumo.

Apenas para comparar, se o valor fosse de R$ 1.528,00, caso aplicada a variação de 3,2% do PIB de 2023, em vez do teto do novo arcabouço fiscal (NAF) (acréscimo de R$ 10,00 sobre os R$ 1.518,00), os resultados seriam: 

  • Renda Adicional: R$89,2 bilhões. 
  • Arrecadação tributária adicional: R$48,0 bilhões.

QUADRO 1 –  Impacto anual decorrente do aumento de R$ 106,00 no salário mínimo

Fonte: DIEESE a partir de IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua; Ministério da Previdência e
Assistência Social. Boletim Estatístico da Previdência Social. (2025)

 A política de valorização do salário mínimo produziu fortes impactos econômicos e sociais no Brasil de 2003 até o momento em que foi descontinuada, em 2019. Foi criada a partir de negociações diretas, realizadas anualmente entre o governo federal e as Centrais Sindicais, e resultou na Lei 11.709/2008, que instituiu a Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo e assegurou os aumentos do piso nacional.

 Vale destacar: 

  • Com enorme alcance, a política favorece a todos que recebem 1 SM: assalariados, servidores públicos, beneficiários da Previdência e os que usufruem de outros benefícios sociais (abono, Benefício de Prestação Continuada- BPC) 
  • Ao elevar o piso nacional, a política contribui para reduzir as desigualdades salariais entre homens e mulheres, negros e não negros, entre regiões do país.
  • Contribuiu para a melhora da renda dos trabalhadores e trabalhadoras sem carteira assinada, pois o salário mínimo é referência para os proventos também desse grupo.
  • O SM tem relação direta com a despesa pública, por causa do piso dos benefícios previdenciários e sociais, e com os vencimentos de servidores públicos. No entanto, parte do aumento dessa remuneração retorna via arrecadação tributária.
  • A política constitui um dos fatores mais importantes para o aumento da renda da população mais pobre e marca o sucesso de uma luta que promoveu um grande acordo salarial na história do país.
  •  A Valorização do SM induz a ampliação do mercado consumidor interno e, em consequência, fortalece a economia brasileira.

Com o fim da política de valorização do SM, de 2019 a 2022, em uma conjuntura de inflação alta, o salário mínimo estagnou, pois nesse período houve somente o repasse anual da inflação passada, sem aumento real: 

  1. Enquanto a inflação aumenta mensalmente, o SM real vai ficando menor, o que reduz o poder de compra que somente será recuperado lá na frente, na reposição da inflação. O aumento real ameniza essa situação. 
  2. Mesmo com a reposição da inflação, houve perda de poder de compra em relação aos preços dos alimentos, que tiveram aumento considerável e pesam muito no orçamento familiar da classe trabalhadora

REFERÊNCIAS

DIEESE.NT nº 283 – Salário mínimo de R$ 1.518,00 em 2025. Disponível em: <https://www.dieese.org.br/notatecnica/2025/notaTec283salarioMinimo.html>. Acesso em: 06 de Janeiro de 2025.

Texto elaborado pela equipe do eixo de economia regional:

Maria Fernanda Santos Carvalho. Acadêmica do 4° período do curso de Ciências Econômicas- Esan/UFMS.

Orientação Prof. Dra. Luciane Carvalho do curso de Ciência Econômicas- Esan/UFMS.

Agradecimento a equipe do DIEESE-MS.

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